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Encontro da Sociobiodiversidade vai reunir em Juruena mais de 300 agricultores e indígenas

unnamed (1)Cerca de 300 indígenas, agricultores, jovens e mulheres rurais que vivem em região de floresta amazônica no Noroeste de Mato Grosso têm muitas experiências a trocar em três eventos concomitantes sobre extrativismo de produtos florestais não-madeireiros e agricultura familiar, marcados para os dias 16 e 17 de julho. Todos os participantes do Seminário de Economia Solidária, do Encontro de Mulheres Rurais e Indígenas, e da Feira da Sociobiodiversidade, que serão realizados no Salão Paroquial da Igreja Matriz de Juruena, compartilham do mesmo ideal, que é o uso sustentável da biodiversidade amazônica, com foco no extrativismo e beneficiamento da castanha do Brasil e de hortaliças e frutas para a comercialização e consumo saudável.

Tanto indígenas quanto agricultores envolvidos nos projetos Sentinelas da Floresta e Cultivação, patrocinados pelo Fundo Amazônia e pela Petrobras, respectivamente, atuam integrados para a inclusão social com melhoria da renda da população local, através da qualificação para o trabalho e para a vida. Este trabalho conta com a parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Os projetos atendem, além dos agricultores de Juruena, indígenas de quatro etnias – Apiaká, Munduruku, Caiaby e Cinta Larga.

Alguns envolvidos nos projetos cultivam hortaliças, outros coletam a castanha, ao mesmo tempo em que estão fazendo a gestão das suas áreas de floresta na região, principalmente em dois territórios demarcados: Terra Indígena Cinta Larga, em Aripuanã, e Terra Indígena Apiaká-Kaiabi, em Juara.

“Este é um momento de integração, de troca de saberes e experiências. As lideranças desses grupos vão aproveitar para conversar sobre os avanços e dificuldades e achar os melhores caminhos para o fortalecimento dessas iniciativas inovadoras e fundamentais”,  explica o agrônomo Paulo César Nunes, coordenador do projeto Sentinelas da Floresta.

Também estão convidados para o evento representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), BNDES, Funai, Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), MDA, Senai, Sebrae, Senar, Banco Sicredi, governos municipal e estadual, e organizações sociais.

Seminário

A programação do III Seminário de Economia Solidária inclui, apresentação dos resultados dos dois projetos, da parceria das organizações sociais de Juruena com a Conab e MDA, e com Senar, Senai e Sebrae, uma oficina de avaliação das dificuldades encontradas até hoje e os desafios de agora em diante.

A participação do governo neste evento vai aproximar ainda mais estas comunidades, das políticas públicas e programas de apoio de crédito e assistência técnica governamentais.

Estas experiências já ganharam dimensão de mercado, com apoio do governo e da iniciativa privada, foi possível ampliar a escala de produção dos produtos destas comunidades e atender um grande mercado institucional e convencional, envolvendo também as comunidades indígenas. A iniciativa privada tem um importante papel na aquisição de parte significativa da produção de castanha do Brasil. A proposta, com o encontro, é de ampliar as relações desta rede social, valorizar ainda mais as áreas de floresta, nos limites exigidos pela legislação florestal do país, através do uso múltiplo dos recursos florestais e consolidar estas atividades.

 

Encontro de mulheres

O III Encontro de Mulheres Rurais e Indígenas do Noroeste de Mato Grosso foi pensando pelas agricultoras do projeto Cultivação, que atua junto ao público feminino.

A coordenadora do projeto, Lucinéia Machado, comemora os avanços de mais um ano de capacitação e muito trabalho. “Realizamos vários cursos com essas mulheres, principalmente sobre hortas agroecológicas e informática, corte e costura e até mesmo sobre inclusão de gênero”, destaca.

 

Feira agroecológica

Na II Feira da Sociobiodiversidade do Noroeste de Mato Grosso cada Associação e Cooperativa vai expor seus produtos e artesanatos, para venda e troca.

No palco, haverá palestras, apresentações culturais, como danças indígenas e dos estudantes, filhos dos agricultores, e um concurso de artesanatos, através de um desfile de modelos indígenas e de agricultoras com seus artesanatos.

Iguarias como doces, bolos, almôndegas, tortas salgadas e outras, cujas receitas constam do livro Sabores dos Castanhais, serão vendidas em tendas.

 

Conquistas

A luta integrada dos projetos Sentinelas da Floresta e Cultivação,  está apoiando a consolidação de duas fábricas no assentamento Vale do Amanhecer, em Juruena. Uma terceira fábrica, que produz conservas de hortaliças já está trabalhando neste mesmo assentamento.

A Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam), que implementa o projeto Sentinelas da Floresta, trabalha a amêndoa, a farinha, o azeite e cereais da castanha.

Já a fábrica da Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (Amca),que executa o projeto Cultivação, produz conservas de alimentos, macarrão e biscoitos de castanha.

Todos esses produtos têm um acabamento final cuidadoso, voltado em sua maior parte para o mercado institucional regional, bem como, para o mercado convencional nacional, para além da floresta e da região amazônica.

As fábricas já fornecem seus produtos para 42 mil pessoas da região noroeste de Mato Grosso, atendidas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Conab.

Diferentemente de outras localidades no Brasil, na região de Juruena, agricultores e indígenas convivem harmonicamente. “Em muitas localidades, cresce o ódio racial e a antipatia entre esses grupos que são ligados à terra e portanto deveriam se unir, como nós fazemos, para viver bem, juntos. Em um contexto geral, integração entre povos indígenas e agricultores existe em poucos lugares. A rivalidade entre eles é comum, mas aqui é o contrário, aqui as pessoas procuram se fortalecer e trocar experiências”, destaca Marcelo Munduruku, professor da etnia indígena Munduruku.

 

Fonte: Assessoria

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